waves_1“Mas o Senhor nas alturas é mais poderoso do que o bramido das grandes águas, do que os poderosos vagalhões do mar” (Sl 93:4).

 “Talvez ninguém deveria enfrentar uma onda tão alta quanto um prédio de oito andares e que quebra a cada vinte segundos, com a força do vagão de um trem… Quem surfa em ondas enormes não o faz porque é seguro, mas para sentir a emoção de domar uma onda assassina.” 

Essa declaração feita por Terry McCarthy, surfista no Waikiki, Havaí, lembra-me de minha longa e feliz carreira como evangelista, quando minha esposa e eu dirigimos mais de cem campanhas e vimos muitos serem batizados, prometendo embarcar numa emocionante aventura de “domar a onda assassina” do pecado e seguir a Cristo. 

O compromisso com Jesus Cristo envolve constante ameaça de perigo, mas os crentes abraçam o desafio, sabendo que nunca estão fora do alcance do cuidado amoroso do Pai celestial. As ondas não irão submergir a vida do surfista.

Pete Cabrinha, surfista experiente de 42 anos de idade, já havia dominado ondas assassinas antes, mas dessa vez, ao surfar descendo à frente de uma onda gigante, girando sobre o famoso Jaws Reef fora de Maui, naquele dia de janeiro, ele não conseguia encontrar o chão. A onda “estava crescendo na minha frente e atrás de mim, e parecia que eu não chegaria a lugar algum”, ele se lembra. Ele já havia visto dez ondas horríveis aquela manhã. Assim, enquanto Cabrinha ganhava velocidade descendo a onda, sua orla de quebra fechou-se rapidamente atrás dele. As pessoas observavam da praia e gritavam: “Vai, Pete, vai!” enquanto deslizava velozmente na água branca.

Quando alcançou águas calmas, outro surfista lhe disse que aquela havia sido a maior onda que ele jamais vira. Quando as fotos de sua façanha ficaram disponíveis, mostraram-lhe uma onda de mais de 21 metros. Fui informado de que todo surfista tem o sonho de surfar numa onda de mais de trinta metros. 

 

Vivendo no Limite 

A Billagong 2001, companhia australiana de surfe, criou a Odisseia Billabong, um fundo para pagar a viagem de surfistas para qualquer lugar do mundo, em busca da onda de mais de 30 metros. A Billabong premiará com 250 mil dólares o surfista que primeiro realizar a façanha. 

“Gerada por uma tempestade perfeita, longe, mar a dentro”, diz McCarthy, “a onda viaja a uma velocidade maior que 64 quilômetros por hora, quebrando com a força de um tremor de terra que pode ser ouvido vários quilômetros da praia; a onda de mais de 30 metros pode matar qualquer um que cair dela.” 

Impressiona-me o fato de que pessoas persigam um objetivo tão perigoso pelo simples prazer esportivo. A vida cristã é parecida com isso? Não estou encorajando os filhos de Deus a praticar esportes perigosos que são mais populares nessa área, mas compreendo a atração por hobbies aventureiros. Até o ex-presidente dos E.U.A., George H. W. Bush, comemorou seu 85º aniversário pulando de um avião.
Lembro-me de que minha mãe não permitiu que eu fizesse o curso de pilotagem que eu queria tanto. Mais tarde, porém, quando estava no meu primeiro ano de estágio como ministro, Rose, minha esposa, me emprestou os 70 dólares de que eu precisava para pagar o curso. Minha primeira viagem solo foi o mais próximo que eu cheguei na vida do que é “viver no limite”. 

Anos mais tarde, desci esquiando numa colina, aos 63 anos, conquistando primeiro a mais baixa para enfrentar desafios maiores depois. De tempos em tempos, eu levava uns bons tombos. Cada queda me ensinava uma nova lição de como esquiar melhor. Esquiei por dez anos até que meu médico sugeriu que parasse por questões de saúde. Infelizmente, esse foi o fim de outra era de aventuras. É indescritível a sensação de descer uma montanha com a neve voando e o vento contra o rosto.

A vida cristã, também, é cheia de aventuras e a atração é experimentar “mais de Ti, ó Deus”. É emocionante manter um compromisso diário com Jesus Cristo, uma renovação diária do novo nascimento e a santificação que é obra de uma vida. Todos passamos por aventuras de fé onde pensamos estar vivendo no limite, mas temos a alegria de saber que Jesus está ali, para nos manter seguros. 
Emoções e Quedas 

Descobri que a vida cristã, com o Céu a ganhar e o inferno a evitar, é a maior aventura dos seres humanos, mas a derrota nunca subiu à minha mente, pois com Jesus somos sempre vencedores. Após estar fora da notoriedade do evangelismo público por mais de 25 anos, ainda tenho contato com pessoas que foram parte daquela aventura.

A aventura da vida cristã também inclui as quedas. Quando era jovem, passei por uns “desvios” e, mais tarde, quando era pastor, com meus trinta e poucos anos, meu passado me incomodava a tal ponto que pedi a meu associado que me rebatizasse secretamente num lago. Ao olhar para trás, não estou certo de que aquela atitude foi correta, uma vez que o rebatismo pode se tornar uma porta que balança presa por dobradiças. Tenho certeza de que ainda sofrerei várias quedas antes de chegar ao Céu. Todos nós caímos.

O mundo desafia nossa fé com sua versão da onda de mais 30 metros, ao vivermos no limite com Cristo. Podemos esperar por ondas inesperadas ao nos aproximarmos da praia do país de glória. Surgirão situações para desafiar nossa confiança e compromisso, mas com Jesus e Seu Espírito Santo trabalhando em nós, sempre estaremos acima da onda.

E o tempo de angústia do fim dos tempos? Que venha essa poderosa onda! Por quê? Porque, então, estaremos seguros em Cristo. O tempo de angústia não é algo feito para amedrontar filhos desobedientes. Sim, o povo de Deus será provado, mas será trasladado e reunido com seus queridos. Deus diz: “Eles serão para Mim particular tesouro, naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos Exércitos; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve” (Ml 3:17). 

Que dia abençoado será esse!

 

Dick Rentfro é pastor jubilado e mora em Thorp, Washington, EUA.

Fonte: Revista AdventisWorld

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